sexta-feira, 10 de julho de 2009

OS INTRUMENTOS, SEUS TOQUES E ORIGEM

OS INSTRUMENTOS UTILIZADOS EM UMA RODA DE CAPOEIRA.


A Capoeira, foi desenvolvida por escravos africanos trazidos ao Brasil e seus descendentes, é caracterizada por movimentos ágeis e complexos, utilizando os pés, as mãos e elementos ginástico-acrobático, todos incorporados a uma malandragem típicamente brasileira. Uma característica que a distingue de outras lutas é o fato de ser acompanhada por música.

O acompanhamento musical da capoeira, não era feito como os dias de hoje.
era feito apenas com o atabaque rustico feito de tronco de madeira.

Hoje, as rodas de Capoeira geralmente são acompanhadas pelo seguintes Instrumentos

O BERIMBAU E O SEUS TOQUES.

O PANDEIRO.


O ATABAQUE.


O AGOGO.


O CAXIXI.


Esses instrumentos têm as procedências mais diversas, como pode ser visto abaixo:

O BERIMBAU.







É um dos instrumentos musicais mais primitivos. É o único que, numa roda de capoeira, pode figurar sozinho, sem os demais instrumentos.
Os afro-brasileiros o usavam em suas festas, e sobretudo no samba de roda, como até hoje ainda se vê.
O berimbau que hoje se conhece, é um arco feito de madeira específica (as mais usadas são o pau-pereira, aricanga, beriba, piquiá e muitas outras madeiras ), tendo as pontas ligadas por meio de um fio de aço (geralmente, retirado das bordas de um pneu). Numa das extremidades, amarra-se uma cabaça. Faz-se na cabaça uma abertura na parte que se liga com o caule e, na parte inferior, dois furinhos por onde passará o cordão que vai ligá-la ao arco de madeira e ao fio de aço. Para tocá-lo, toma-se um dobrão que hoje pode ser uma pedra, mais os capoeiristas antigos usavam uma moeda. uma baqueta (ou vaqueta, pequena vareta de madeira ou de bambu) e um caxixi.


O berimbau que conhecemos hoje pode ser encontrado em diversas partes do mundo, principalmente em Cuba onde é usado nas práticas religiosas afro-cubanas, coisa de que não se tem notícia de se fazer no Brasil.

O berimbau também é chamado por outros nomes como urucungo, puíta, quijenge, geguerê, quibundo, umbundo, dentre outros. Estes nomes são derivados de palavras vindas do dialeto Bantu, correspondente aos países de Angola, Moçambique, Congo, Zaire e outros, mas alguns desses nomes aqui no Brasil se destinaram a designar outros instrumentos.



SÃO 03 TRÊS OS TIPOS DE BERIMBAUS, UTILIZADOS NAS RODAS DE CAPOEIRA QUE SEGUE DE ACORDO COM O TAMANHO DA CABAÇA E SUA AFINAÇÃO COMO:










BERIMBAU GUNGA.

Que tem o som mais grave e que faz a marcação do toque, tem uma cabaça maior e raramente executa uma virada durante a melodia;

BERIMBAU MÉDIO OU CENTRO.

Tem um som regulado entre o grave do Gunga e o agudo do Violinha, tem uma afinação mediana que permite ao tocador executar a melodia fazendo o solo da música. É permitido ao tocador de um médio a execução de algumas viradas e alguns toques de repique. Porém, com moderação, para não abafar o Violinha e nem destoar do Gunga, pois o médio é que faz o apoio ao som do Gunga e a base do som do Violinha é ele que determina o toque que será feito para o jogo.

BERIMBAU VIOLA OU VIOLINHA.

Tem uma cabaça pequena e bem raspada por dentro para ficar bem fina, tem um som agudo e faz apenas o papel de executar as viradas e floreios dentro da melodia. Seu som é baseado ao som médio e do Gunga ao mesmo tempo, é o Violinha que "enfeita" a música da roda.

Um bom capoeira é "obrigado"a saber tocar os três tipos de berimbau e executar suas viradas quando possível. É o tocador do médio que ordena o toque e dá a senha para a saída do jogo.



TAMBÉM TEMOS O MODELO DE BERIMBAU QUE FREQUENTEMENTE ERA USADO POR MARINHEIROS. 


FALO DO BERIMBAU DE BOCA :





 






TOQUES DE BERIMBAU:

São os vários toques executados pelo tocador para definir o tipo de jogo que será feito na roda (mais rápido ou mais lento). Um bom capoeirista tem obrigação de saber o maior número de toques , seus significados e o tipo de jogo praticado em cada um desses toques.



OS TOQUES DA CAPOEIRA ANGOLA.



ANGOLA: Ou Angolinha como é também conhecida, é um jogo onde predominam rasteiras e cabeçadas. É um jogo lento e cheio de armadilhas. geralmente costuma ser um jogo baixo, com bastamte movimentos próximos ao chão.



SÃO BENTO GRANDE DA ANGOLA: Esse toque é utilizado no jogo de Angola, é tocado com o berimbau viola e fazendo repiques. Mas também há grupos de capoeira que que por falta de conhecimento usam o toque São Bento Grande de Angola para jogar "Regional" por se tratar tambem de um jogo rapido e de floreios.

SÃO BENTO PEQUENO: O toque de São bento pequeno complementa o toque de angola, este toque é executado pelo berimbau Médio enquanto o Gunga toca angola e o viola repica. Toque que foi criado por méstre Pastinha o criador da capoeira angola

AVISO: É um toque pouco conhecido, esquecido e muito antigo, de execução super-rápida. tinha como finalidade de alertar os escravos da presença do inimigo.

SAMANGO: é um toque antigo, é executado batendo-se com a baqueta só embaixo do dobrão, portanto usando-se somente uma nota.
O jogo é muito curioso. praticamente não há ginga, bate-se o pé no chão ( um pé só ) num movimento de pedalar ao contrario, soltando bruscamente os golpes, enganando o adversario.

JOGO DE DENTRO: é um toque muito bonito e vigoroso, começa a moda do São Bento Grande da Regional e termina de forma espetacular, numa Angola.
No jogo, os contendores enfrentam-se um dentro da área do outro, para aplicar, e defender-se dos golpes. É um jogo mais avançado, proprio dos Capoeiristas bem adiantados na Arte - Luta.


JOGO DE FORA: É um toque muito rápido, para um jogo de reconhecimento deo adversário. onde é visado observar as falas, antecedendo o "Jogo de Dentro".



OS TOQUES DA CAPOEIRA REGIONAL.



SÃO BENTO GRANDE DA REGIONAL: Este toque foi criado por Mestre Bimba. É chamado também de São Bento Grande de Bimba.
Toca-se ele com um berimbau médio, dois pandeiros de cada lado fazem parte da formação da bateria (a essa formação instrumental dá-se o nome de "charanga"). É um toque que transmite muita energia e exige dos capoeiras muita técnica e atenção.


IDALINA: toque criado por Mestre Bimba, nele se executa jogo com facas, facões e etc.


BENGUELA: é o toque mais lento da capoeira regional. Este toque é usado no início das rodas, ou, ainda, para acalmar os ânimos dos jogadores quando o jogo esquenta. É um jogo cadenciado.
É um jogo jogado mais no chão do que gingando, onde utiliza-se muito a inteligência.
Esse toque foi criado pelo Mestre Bimba conhecido também como Banguela, era utilizado no jogo de principiantes para soltar o corpo e incorporar a capoeira e também em treinamento de faca. O Mestre chamava o toque e o jogo de Banguela, que não havia canto e se respeitava o comando do berimbau. É muito comum as pessoas chamarem o toque de bEnguela com E, mas segundo alunos de mestre Bimba e pessoas que com ele conviveram diretamente, o nome dado por ele ao toque foi BAnguela com A e nao com É.


SANTA MARIA: é um toque usado para o jogo com o uso da navalha no pé ou na mão.

O toque de santa maria tambem é usado para o jogo de pegar do chão com a boca (dinheiro ). Na capoeira Regional chama-se de santa maria e na capoeira de Angola é mais conhecido por "põe a laranja no chão tico tico".

Um dos toques mais bonitos do berimbau, o tocador precisa desenvolver uma escala de notas e retornar ao começo da escala que dá ao ritmo uma característica muito diferente dos demais toques da capoeira, em especial da capoeira regional.



CAVALARIA: é um toque de alerta máximo ao capoeirista.

É usado para avisar o perigo no jogo, a violência e a discórdia na roda.
Na época da escravidão, era usada para avisar aos negros capoeiras da chegada do feitor.
Na República, quando a capoeira foi proibida, os capoeiristas usavam a "cavalaria" para avisar da chegada da polícia montada, ou seja, da cavalaria.


AMAZONAS: Na capoeira, esse é um toque festivo, usado para saudar mestres.


IÚNA: Iúna é um jogo da capoeira que, acompanhado do toque do berimbau, serve para demarcar os níveis hierárquicos dos mestres e dos formandos (discípulos).

Esse jogo é tradicionalmente feito sem palmas,canticos e sem qualquer outro instrumento além do berimbau, para realçar a solenidade da ocasião. Entretanto, em alguns grupos,outros instrumentos podem acompanhar o jogo.

O toque de iúna é criação do Mestre Bimba.

Mestre Bimba costumava desenvolver neste ritmo a chamada "cintura-desprezada" ou "balões cinturados", que consistia numa seqüência de balões — movimentos em que um jogador é lançado para o alto e precisa cair em pé), geralmente exigidos do aluno graduado.

hoje alguns grupos usam, como forma de seus alunos formados demonstrarem suas habilidades como: saltos, piruetas, paradas-de-mão, etc.

Durante esse jogo, a objetividade dos golpes dá lugar à destreza e à plasticidade dos movimentos, que se tornam mais alongados e coreografados.







O ATABAQUE.

Instrumento de origem árabe, que foi introduzido na África por mercadores que entravam no continente através dos países do norte, como o Egito. Esta era a forma original do atabaque. Este formato formato de atabaque ainda é encontrado só no Tambor de Criola de São Luis do Maranhão.







Hoje o atabaque é geralmente feito de madeira de lei como o jacarandá, cedro ou mogno cortada em ripas largas e presas umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros que, de baixo para cima dão ao instrumento uma forma cônico-cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são colocadas "travas" que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito bem esticado.


Atabaque é um grande instrumento de percussão usado nas rodas de capoeira. O couro vem da pele do gado e é esticado por um sistema de aneis de metais ou aros, cordas e cunhas de madeira.







Para afinar o atabaque, tira-se do pedestal (pé) e bate-se nas cunhas. A força nas cunhas impurrarão o aro de baixo esticando a cordas e consequentemente afinando o couro. Importante: sempre tire o atabaque do pedestal antes de afinar.


É o atabaque que marca o ritmo das batidas do jogo. Juntamente com o pandeiro é ele que acompanha o solo do berimbau. Mais existem várias maneiras de tocar o atabaque,isso pode variar de acordo com a escola ou academia.




O PANDEIRO.








Instrumento de percussão, de origem indiana, feito de couro de cabra e madeira, de forma arredondada, foi introduzido no Brasil pelos portugueses, que o usavam para acompanhar as procissões religiosas que faziam. Nas rodas de Capoeira é o som cadenciado do pandeiro que acompanha o som do berimbau, dando "molejo" ao som da roda. Ao tocador de pandeiro é permitido executar floreios e viradas para enfeitar a música.


Pandeiro é o nome dado a vários instrumentos musicais de percussão que consistem numa pele esticada numa armação (aro) estreita, que não chega a constituir uma caixa de ressonância.

Essa armação é geralmente circular (por exemplo, na pandeireta), mas pode ter outros formatos (por exemplo, quadrangular no adufe). Enfiadas em intervalos ao redor do aro, podem existir rodelas (soalhas) duplas de metal, ou não (por exemplo, no tamborim). Pode ser brandido para produzir som contínuo de entrechoque, ou percutido com a palma da mão e os dedos.

No Brasil, a palavra “pandeiro” veio a designar um pandeiro específico, de maiores dimensões, muito usado no samba, para alguns considerado o instrumento nacional.








PARTES COMPONENTES:

Fuste (aro de madeira) – Colagem de tiras de madeira (em torno de quatro), com cola de alta resistência e durabilidade. As fresas (aberturas onde ficam as platinelas) são de diversas alturas, conforme o tipo e tamanho das platinelas. É ornamentado com marchetaria, se for um pandeiro tipo "Especial". Se for do modelo "Padrão" recebe um pequeno adorno. O modelo "Pop" é o mais simples e o de menor custo. São utilizadas diversas madeiras no acabamento, principalmente madeiras brasileiras, de grande resistência e leves.

ARO – Em aço inoxidável escovado.

PELE – Convencionalmente em pele selecionada de cabra. Há variações com acrílico e fórmica, sendo transparentes, leitosos ou holográficos.

CONJUNTO DO ESTICADOR – Peças de aço e de latão, cromadas ou niqueladas: tirante, anel, porca, mesa, parafuso de fixação da mesa e arruela.

História do pandeiro

Desde o neolítico que o instrumento é bastante conhecido e popular na Ásia, África e Europa, havendo no entanto a possibilidade de já existir no paleolítico. Em todas as grandes civilizações do passado, do Crescente Fértil ao Egipto, passando pela Grécia e Roma, o pandeiro aparece representado com vulgaridade especialmente em volta do Mediterrâneo. O seu uso manteve-se até à actualidade na maioria das regiões do mundo chegando a alcançar orquestras, na execução da ópera Preciosa, de Weber. Em Portugal é conhecido como pandeiro, pandeireta (os mais pequenos) ou adufe.


No Brasil, quando surgiu o choro, no final do século passado, o pandeiro veio dar o toque final ao ritmo marcante e brejeiro, inicialmente executado ao piano e instrumentos de corda e de sopro.

De início, os pandeiros eram fabricados de forma simples, sem apuro técnico. Hoje, alguns fabricantes se esmeram na sua confecção, utilizando membrana de pele de cabra para se conseguir, no pandeiro, os sons graves do surdo e platinelas de metais nobres para se alcançar um som brilhante e preciso.

Os pandeiros mais utilizados têm diâmetro de 15 polegadas ou aro 15.





O AGOGO:





AGOGO DE FERRO / AGOGO DE SAPUPARA OU CASTANHA.














O agogô ou gã é um instrumento musical formado por um único ou múltiplos sinos originado da música tradicional yorubá da África Ocidental. O Agogô pode ser o instrumento mais antigo do samba a maior altura de qualquer dos instrumentos da bateria.



Etimologia

A palavra "agogô" vem do yoruba e significa "sino", em português.


Instrumento musical

O agogô é um instrumento musical idiofone, compõe-se de duas até 4 campânulas de ferro, ou dois cones ocos e sem base, de tamanhos diferentes, de folhas de flandres, ligados entre si pelas vértices.

Para se tirar som desse instrumento bate-se com uma baqueta de madeira nas duas bocas de ferro, também chamadas de campânulas, do instrumento.


Na capoeira

Na capoeira é mais conhecido por "gã" - nome este que vem de akokô, palavra nagô que significa "relógio" ou "tempo", assim como um som extraído de um instrumento metálico.






O CAXIXI:





O caxixi é instrumento idiofone do tipo chocalho, de origem africana. É um pequeno cesto de palha trançada, em forma de campânula, pode ter vários tamanhos e ser simples, duplo ou triplo; a abertura é fechada por uma rodela de cabaça. Tem uma alça no vértice. Possui pedaços de acrílico, arroz ou sementes de Tinquim secas no interior para fazê-lo soar. É usado principalmente como complemento do berimbau. A mão direita que segura a vareta entre o polegar e o indicador, segura também o Caxixi, com o médio e o anular, Desta maneira, cada pancada da vareta sobre a corda é acompranhada pelo som seco e vegetal do Caxixi.





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Um comentário:

  1. Olà,
    Seu trabalho é muito inpontante, muito boa explicação, bem detalhada, sobre tudo quando se fala de toque de Banguela.

    Muito obrigada!

    www.samba-capoeira.com (França)

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